"...Você lembra qual era sua brincadeira predileta na infância?
Amarelinha, cinco Marias, bolinha de gude,
cantigas de roda,empinar pipa, roda pião, dentre outras e
tudo virava diversão
quando tínhamos tempo e espaço.
Além de estimular o desenvolvimento da linguagem,
os brinquedos proporcionam a autoconfiança, autonomia e criatividade.
O brincar é uma atividade fundamental para
a criança explorar e relacionar-se com o mundo.
De uns tempos para cá, temos presenciado
uma revolução na rotina dos "pequenos adultos".
Preocupados em criar mini-heróis,
os pais não hesitam em elaborar uma agenda cheia
de compromissos acelerando e, certamente, pulando
etapas importantes para a construção cognitiva de seus filhos.
Para contribuir com essa corrida maluca, a tecnologia
trouxe brinquedos prontos,
pouca criatividade e mínima imaginação.
Ainda que toda miscelânea de eletrônicos contribua para a
evolução do ser humano, é necessário compreender que
eles são complementares e não substitutos do brincar.
O cenário costuma ser anestésico quando pensamos em
crianças dentro de casa, presas em seus computadores e
televisores, quando não estão em suas aulas
extracurriculares otimizando ao máximo o tempo livre.
É claro que hoje não temos a mesma liberdade de antigamente,
quando podíamos ir à escola caminhando e cantarolando.
Mas será que podemos pensar em um caminho do meio?
Sim. Tenho uma sugestão que pode parecer bastante arcaica,
mas é justamente isso que gostaria de propor.
Recortar, colar, pintar, inventar histórias com tocos de madeira,
pedrinhas, palitos, embalagens, retalhos.
Em tempo de facebook, dedicar algumas longas horas
ao brincar livre e soltar a imaginação é a fórmula mágica
para os pequenos cidadãos tornarem-se
adultos bem sucedidos.
Dê tempo ao tempo, para que nesse espaço de
encontro e diálogo interno, a criança
corporifique e absorva as experiências do brincar.
Podemos morrer na praia com os craques da tecnologia
e velocistas do raciocínio lógico.
Pois quando o sapato apertar, o que vale mesmo
é a maturidade emocional da simples essência,
construída pelos tijolinhos do dia-a-dia,
com a oportunidade de erros e acertos:
puro aprendizado e autoconhecimento.
Veremos então, pessoas conectadas consigo mesmo,
que irão contribuir para o mundo com
autenticidade e liberdade no coração."